Algum tempo atrás estive com minha mulher num shopping para um cinema. Ela, como maravilhosa representante do sexo feminino, aproveitou para comprar uma calça nova (que realmente precisava). Como todo o homem sabe que nem mesmo Jó aguentaria sua mulher, se teve uma, dentro de um shopping, fui comprar as entradas do cinema para “ganhar tempo”.

No retorno, cinco minutos antes do final das compras, a atendente pedia à minha mulher todos os tipos de dados: nome, endereço, data de nascimento, nome dos filhos, etc. Questionando a atendente sobre esta abordagem, ela informa que era para “um cadastro” da loja.

Deixando o shopping de lado, no momento que estou escrevendo este texto, encontro-me numa clínica médica. Aqui, nada diferente: nome, RG, endereço, telefone, telefone de recado e até mesmo e-mail são pedidos dos pacientes (de um, ouvi pedirem até o nome e a data de nascimento da esposa). Como o brasileiro é via de regra um tolo, acredita que qualquer pessoa do outro lado do balcão é uma “autoridade” e divulga dados pessoais para sabe-se Deus o quê.

Pode parecer paranoia ou até excesso de zelo. Mas muitas vezes somos nós os culpados pela perda de privacidade (que muitos desprezam), expondo dados para quem não precisam deles. Um inocente cadastro numa loja pode acarretar problemas enormes para os bons samaritanos.

Com dados do cartão usado para uma compra mais o endereço amigavelmente informado para receber aquela maldita mala direta no dia de aniversário, é possível fazer compras na Internet. Um vestido Prada, uma caneta MontBlanc ou mesmo, quem sabe, algumas passagens para um cruzeiro pelo Caribe. Com o melhor; a conta indo para o dono do cartão e não para você.

E o fazer para se proteger?

Simples. Não faça nada. Você não tem obrigação de informar seus dados pessoais, exceto quando realmente necessário (como num boletim de ocorrência). Mesmo assim, é possível questionar para que serão usados e como isso será feito. Uma simples atitude que pode mantê-lo longe de problemas e muita encheção de saco.

Isto deve ficar restrito a uma loja. Quantos são os que, numa ligação, acabam fornecendo dados mesmo não querendo? Eu digo uma data de nascimento falsa e você devolve “não, está errado, a data correta é…” Pronto, já estou com mais uma informação sobre sua vida, sobre sua história. Isto é chamado de ataque social e funciona.

Tome cuidado com o que fala sobre sua vida. Reclamar que seus dados ou aquelas fotos pseudo-pornôs foram parar na web ou nas mãos de pessoas alheias sem cuidar pessoalmente de seus dados, é tão eficiente como comer sopa com garfo.