Voltar para casa sempre é bom. Ainda mais depois de várias semanas longe de minha sensacional cama e das águas quentes da Paraíba. Mas voltar com surpresa agradável é ainda melhor. E desta vez foi assim.

Já noite, em escala de três horas no aeroporto Tancredo Neves, na linda capital mineira, resolvi aproveitar o tempo para cometer um dos sete pecados capitais: dar asas à gula. Não poderia ser diferente. As terras das minas gerais são conhecidas por sua culinária capaz de deixar a mais anorexa das pessoas com aquela sensação de um crime gostoso e matar qualquer dieta, por mais rigorosa que seja.

Desta feita, procuro um restaurante no aeroporto que possa atender meu desejo de matar a saudade da comida mineira e também que me ajude a levar a cabo este maravilhoso pecado (me desculpem os religiosos, mas comer é bom demais!). Procura daqui, procura dali, sigo as placas indicativas penduradas nos corredores e no terceiro andar, em uma área aparentemente abandonada, descubro meio acobertado pelo vidro fumê o templo da perdição deste lugar muitas vezes frio e triste que é o aeroporto. O restaurante Pampulha Grill, simples porém elegante e com muito charme esconde duas raras qualidades: boa comida e ótimo atendimento.

Claro que o cardápio escolhido foi algo da terra e mesmo para uma janta, não resisti quando abri o cardápio e encontrei o “tutu” tão famoso que se tornou adjetivo para a massa de feijão e farinha feita pelos mineiros. Acompanhado de torresmo, couve refogada cortada fininha e uma verdadeira linguiça de porco (coisa rara de se achar hoje em dia), fizeram as honras à um belo pedaço de frango com um molho picante que nem mesmo na Bahia achei mas que devorei com todo o prazer ou pecado que me é permitido.

Mas, o que beber? Claro! A não pouco famosa cachaça mineira que atravessa oceanos e vai fazer a festa nos bares e restaurantes mais chiques da Europa e Estados Unidos. Mas não tem no cardápio!!! Vendo a minha frustração por não encontrar a água que passarinho não bebe, o garçom Wellington, de uma cordialidade e educação fora do comum, vai ao bar e encontra uma amarelinha escondida por algum maníaco que não desejava ter seu precioso líquido caindo em mãos erradas. Dois minutos depois, volta ele com uma veradeira mineira que abre o apetite até de doente terminal e fecha com chave de ouro um jantar que de tão simples se tornou memorável.

Agora só me resta recostar na fofa poltrona do restaurante e escrever estas linhas para aqueles que, como eu, estando em Belo Horizonte perdido no aeroporto, procure o Wellington e o restaurante Pampulha Grill no 3 andar com a certeza de ter um ótimo atendimento e comer muito bem as delícias das terras mineiras (comida hein!!!)

Agora, embora que a mocinha do alto-falante já está avisando do vôo.

PS: Antes de ir embora ele me confidenciou que no almoço o buffet é algo como o jantar elevado a 18 potência. Fico só imaginando…