Diário de Bordo – Viagem à Europa (cap. 1)

Já recuperado do jetlag e com a baderna do retorno organizada, é hora de começar a escrever os diários de bordo da viagem feita durante este mês para a Europa. Algumas pessoas já conhecem meus diários de bordo e gostam muito, principalmente pela quantidade de informações disponíveis e também pelo tom, hora sarcástico, hora sério. Aqueles que ainda não conhecem, poderão ter a oportunidade de passear juntos pelos caminhos e acontecimentos destes vinte dias e oito cidades de três países europeus, além de uma palhinha sobre mais dois países e três cidades (ou seriam duas, não sei). Resolvi, ao contrário de meus últimos diários, dividir este por cidades/capítulos devido a quantidade de coisas interessantes para contar sobre cada uma delas. Assim, serão pelo menos nove diários com muitas fotos e informações úteis para aqueles que queiram fazer o mesmo roteiro ou ainda aproveitar algum capítulo para ir à uma cidade específica.

Mas por quê nove e não oito? Bem, este que você está lendo seria a introdução ou prefácio dos demais. Aqui vou dar uma geral sobre a viagem e alguns dados e comentários sobre ela, além do processo da organização da mesma. De tão interessante torna-se um capítulo a parte e precisava ser colocado assim. Então, vamos começar a viagem?

A viagem
Comecei a viagem bem antes de embarcar em Dili no dia 1o de Agosto. Na verdade, ela estava sendo planejada desde o mês de Maio pois acontecia há quatro mãos. Explico; desta vez iria me encontrar com minha companheira Dani que estaria saindo do Brasil. Então, além de acertar todas as questões básicas de uma viagem, ainda tinha que me preocupar com as datas dela, a compatibilidade entre datas, os interesses e assim por diante.

Já que não sou milhardário e mesmo partilhando muitas coisas com minha companheira, tinha que pesquisar muito para poder encontrar as melhores opções de vôos, hotéis e formas de transporte. Como a Europa é cara por natureza, precisava economizar o máximo possível para aproveitar e comprar alguns eletrônicos que desejava, bem como manter uma reserva para extras.

Então a primeira fase foi eleger as cidades que gostaríamos de ver, traçar uma rota e encaixar tudo isso na agenda disponível. Confesso que foi uma parte cansativa pois existem tantas coisas bonitas e interessantes que no fim tivemos que deixar algumas cidades de lado para poder ter tempo de descansar também, afinal férias servem para isso. Queria ir para a Alemanha pois já tinha estado neste país em 2004 e porque precisava de uma overdose de civilização. Então, nada melhor do que a terra dos mais certinhos dos certinhos. Claro que outras coisas pegaram na escolha também como a facilidade de vôo tanto do Brasil quanto da Ásia, a facilidade de imigração, o custo da viagem e etc.

Mapa da viagemO roteiro eleito então ficou: Frankfurt (Am-Main), Nuremberg, Munique, Salzburgo, Viena, Praga, Berlim, Colônia e finalmente retornando para Frankfurt. Cada uma destas cidades com um motivo grande para estar no roteiro e que seguem uma sequência geográfica coerente, ou seja, estaríamos fazendo uma volta entre os países (é só olhar o mapa).

Com o roteiro eleito e já escolhidas as atrações em cada uma das cidades (tarefa que ficou por conta da Dani e executada com perfeição), era hora de começar a procurar as passagens aéreas, as formas de transporte entre uma cidade e outra e depois os hotéis. Aqui, uma dica: esta sequência deve ser sempre seguida para que não tenha dores de cabeça na viagem. Muitas pessoas fazem o inverso ou começam pelo meio e depois se estrepam porque fizeram a reserva de um hotel mas não conseguem forma de chegar até a cidade. Assim, comece pelo que tem menos opções, depois os transportes internos (trens, ônibus, avião, charrete, bote) e somente então os hotéis. Como dormir é algo que pode fazer em qualquer lugar, inclusive viajando, coloque por último. Meu voo ficou então: Dili – Bali – Jakarta – Kuala Lumpur – Frankfurt, enquanto o da Dani ficou Guarulhos – Madrid – Frankfurt (folgada né, só uma escala :)

Minhas passagens foram todas compradas via Internet depois de uma baita pesquisa (já explicada em outro post aqui no blog, que pode ser lido clicando-se aqui). No trecho no sudeste asiático, companhia low-fare para economizar o máximo possível. O voo Jakarta – Frankfurt foi conseguido em uma “pechincha” na Malaysia Airlines, depois que perdi uma outra ótima oportunidade na Emirates onde poderia fazer um stop-over em Dubai e ainda pagar mais barato. Esta “perda” da oportunidade aconteceu porque enrolei para comprar o ticket e acabaram os lugares na classe econômica. Então a passagem que iria custar US$ 900 tinha subido para US$ 2300 na classe business, ou seja, totalmente impraticável. Uma lição aprendida: compre com a maior antecedência possível as passagens. Com isso você melhora o preço e não fica na dependência de lista de espera ou ainda de preços exorbitantes.

Depois das passagens compradas, foi a vez do transporte interno entre as cidades. Queríamos fazer a maior parte de trem devido ao tempo e também a facilidade. Deixamos somente dois trechos (Praga e Berlim) para serem feitos de ônibus e avião respectivamente. As vantagem dos trens na Europa é que são todos interligados e o custo muito baixo. Por exemplo: descendo no Aeroporto Internacional de Frankfurt você pega o trem para a cidade dentro do próprio aeroporto por 3,55 Euros e de lá um metrô ou tram (bonde chique) para qualquer lugar da cidade. Tudo simples, tudo fácil (claro que não funciona em SP).

Tram em FrankfurtNo caso da Alemanha, Die Bahn é o nome da companhia que cuida de tudo que anda sobre trilhos dentro do seu território, sejam IC, ICE, U, S, T ou qualquer outra sigla para este tipo de transporte. No site deles, fizemos as compras das passagens para a maior parte dos trechos, ficando de fora somente entre Viena e Praga que por ser de outra empresa (a OOB da Áustria), não podia ser comprado via Internet. Até ai nenhum problema pois tínhamos vários dias até esta viagem e poderíamos comprar in-loco assim que chegássemos.

Neste ponto, depois de passar por toda a organização de escalas de voos (que não eram de mesma companhia), tinha que acertar também os tempos entre os trens. Esta preocupação era devido a questão dos hotéis que dependendo da localização ou do número/tipo de transporte, teria que acordar muito cedo, chegar muito tarde ou ainda ter que andar demais com as mochilas nas costas. Estava de férias e não queria estes empecilhos na mala. Assim, horas de pesquisa no site da DB para acertar tudo e conseguir também bons preços.

Alguns podem perguntar: e por quê não um Europass? A resposta é simples: ficava mais caro. O Europass é um passe de trem que você pode comprar sendo estrangeiro e que lhe dá um bom desconto. Entretanto este desconto só é sentido realmente quando você vai fazer várias viagens de trem e pode ter flexibilidade. Devido a seu custo baixo, ele somente é passível de ser usado quando você acha vagas nos trens. Como estávamos com a agenda fechada e em alta temporada, não poderíamos correr o risco. Além disso, o valor não compensava pelo que gastamos de passagens.

Depois disso tudo, chegou a hora dos hotéis. As premissas para eles eram: não mais que 70 Euros o casal, café da manhã, fácil localização e o mais próximo possível das estações de trem. O valor é óbvio, economia. A necessidade do café da manhã era por não querer ficar correndo atrás de alguma coisa para comer na rua logo cedo quando o estômago está nas costas e a proximidade da estação era pelo simples fato de poder aproveitar mais a viagem e não perder muito tempo para chegar nas mesmas. Além disso, adotamos uma tática interessante que era somente ir para o hotel com uma mochila. A minha era deixada no locker (chavinha + malinha = locker) da estação (um maleiro) e somente retirava a roupa que iria precisar no dia seguinte. Com isso evitávamos de ficar carregando peso, de fazer muita baderna e também de perder tempo com arrumação de malas.

Desta forma, começa a caça pelos hotéis que se apresentou muito interessante. Consegui bons hotéis como um Meliá em Frankfurt por 50,00 Euros o casal num quarto muito, muito bom. Poderia ser um empecilho já que era preciso pegar um tram da estação até o mesmo, mas como já conhecia o transporte público alemão de outros carnavais, isso não era verdadeiramente um problema e apresentou-se a escolha mais correta. Da mesma forma, um hotel em Berlim que estava há 50 metros da estação do metrô. Uma verdadeira bênção naquele dia que chegamos de Praga quebrados de cansado.

Aqui vale também uma dica: se você tem um pouco mais de grana, procure promoções nas grandes cadeias hoteleiras como Accor, Meliá, Hyatt, Radisson e outras. Muitas vezes você encontra ótimos preços e pela quantidade de serviços e qualidade das acomodações, vale a pena gastar 5 ou 10 dólares a mais. Pode parecer besteira mas não é. Uma noite em uma boa cama e um bom banho de banheira é muito mais revigorante do que qualquer coisa. E backpacker não tem isso ;)

Finalmente, com toda esta maratona pronta, faltava esperar o dia da esperada viagem. E estes episódios começo a contar no próximo diário que engloba Dili, Bali, Jakarta e Kuala Lumpur. Não perca!

3 Comentários

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  1. Parabéns pelo site, muito informativo, certamente vou recomendar para meus amigos, muito obrigado.

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  1. The Wall | Paulino Michelazzo
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