Mês: julho 2008

Uma vírgula

Que é nosso idioma sem pontuação? Não entende? Veja como uma vírgula muda tudo.

Ela pode ser uma pausa… ou não.
Não, espere.
Não espere.

Pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

Nova categoria: Gastronomia

GastronomiaPor sugestão da xuca, inauguro hoje em pleno dia da pizza uma nova categoria no blog: Gastronomia. Não, não vou ficar dando receitas e coisas assim (mas elas aparecerão vez enquando). Vou mesmo é comentar sobre lugares bacanas e comidas daquelas que vale a pena apreciar antes de morrer.

Na lista, dezenas de lugares sensacionais: João Pessoa, Viena, Boa Vista, Porto Alegre, Bali, Vitória, Belo Horizonte, Campo Grande, Auckland e por aí vai. Até de Brasília vai ter um, acreditem! Só não vai ter comida japonesa porque não suporto nem olhar, felizmente.

E o primeiro post vem neste final de semana quando vou novamente em um dos melhores restaurantes de São Paulo; o famoso Sujinho, para degustar aquela carne “bombada” (quando você dá duas bombadas nela e ela sai correndo do prato de tão crua). No sábado conto o resultado porque amanhã será impraticável.

Monopólio travestido de concorrência

Qualquer brasileiro com dois neurônios bons e um manco tem certeza que o processo de privatização das companhias telefônicas (as famosas teles) em nosso país foi um dos maiores engodos políticos e comerciais que já vivemos. Pagamos via BNDES para empresas estrangeiras manipularem dados e voz em nosso território sem criar uma efetiva concorrência que oferecesse opções para os usuários. Mudaram os donos mas a fedentina continuou a mesma (só que mais rápida).

Exemplo disso apresentou-se esta semana em São Paulo. O estado com maior PIB do país simplesmente foi removido do planeta Internet por um defeito “complexo e raro” ocorrido na Telefonica de España, aquela que detém o monopólio das telecomunicações do estado. Sem escrúpulos e principalmente sem respeito, a empresa desconversa sobre o problema que amordaçou não somente os pequenos e desamparados usuários domésticos, mas também o mesmo governo que graciosamente ofereceu a concessão à eles. Para abafar o caso, estão fazendo o possível para restabelecer as conexões e delegacias de polícia, serviços públicos, escolas e até mesmo poderosos serviços de transações bancárias tiveram seu período de nostalgia reavivando canetas Bic e formulários xerocados. Nem mesmo em países comunistas tal prática é possível ser imaginada. Lá, ou se tem funcionando ou não se tem. Nada de meio termo.

A agência criada para passar a afagar as ditas teles diz que está investigando as causas. Conversa! Não existem detetives dentro da agência e muito menos interesse em investigar qualquer coisa. Para quê mexer com a segunda maior empregadora do país e uma das maiores pagadoras de impostos? Deixa para lá, só foram 48 horas mesmo. A Ingrid ficou seis anos no cativeiro. Porque os paulistas não podem ficar dois dias sem Orkut e YouTube?

O possível é pouco, muito pouco. O correto não é o possível. Correto seria a verdadeira concorrência como vista nos países corretos. A falta de outras companhias, a falta do compartilhamento de redes e principalmente a falta de respeito com o cidadão fazem de nosso sistema telefônico e de Internet uma das maiores piadas da América Latina. Até mesmo países como México e Chile já descobriram a fórmula para resolver a questão. A mesma caneta Bic usada pelas autarquias públicas nesta semana poderia ser usada para colocar cinco, dez, cinquenta companhias na mesma área criando uma briga de preços, qualidade, serviços e atendimento corretos para o cidadão e mostrar efetivamente quem sabe fazer. Mas como a Mont Blanc repousa no escaninho do ex-repórter global que não tem interesse em nada mudar, ficamos a mercê do raro e do complexo advindos do velho continente, mira?

Neste momento mudo o dito popular “quem não tem competência não se estabelece”. Na verdade, quem não tem concorrência não precisa de competência e se estabelece.