Depois de uma semana trabalhando e andando por Dili, já conheço vários lugares diferentes. No sábado resolvi comprar uma bicicleta para poder me locomover com mais facilidade e velocidade pelas ruas da cidade, já que ela é na sua grande maioria plana. Saí cedo de casa e travei minha primeira batalha com o tetun, um dos idiomas oficiais do país. Simplesmente levei 20 minutos para explicar ao cara da bicicletaria que queria trocar os cabos de freios para o que estou acostumado a usar no Brasil (feio traseiro na mão direita e vice-versa). Como ele não fala português e eu não falo tetun, tornou-se uma conversa digna de riso. Mas tudo bem, consegui sair de lá com a bicicleta como queria e fui até Areia Branca pedalando. Ótimo para ajudar na perda de peso.

No domingo saí com um grupo de brasileiros e portugueses para comer alguma coisa no Hotel Timor, o hotel mais luxuoso da cidade. Uma boa comida e ótima conversa que durou até as 3 da tarde. Na volta fomos ao “Mercado dos Tais”, um mercado de artesanato onde se encontra os “tais”, tapeçaria típica do país, muito colorida e muito bonita. Não comprei nada pois ainda não é momento, mas a ida ao local serviu para aprender a não pechinchar muito. Depois que vi como eles são feitos (tinha uma moça com não mais de 13 anos tecendo um), simplesmente desisti. É muito trabalho pelo que pedem no valor da tapeçaria. Um sacrilégio pedir desconto.

Na volta, passei pelo primeiro “medo” desde que cheguei. Dentro do carro de um procurador da justiça e mais uma senhora, estávamos mostrando a cidade à esta última quando em um bairro próximo da saída para a estrada de Areia Branca acontece uma briga de gangues. Diversas viaturas da polícia da ONU e policiais espalhados por todos os lados já tentavam “acertar a situação”. Tentamos passar pela polícia inclusive para que o procurador estivesse presente e se inteirasse da situação quando um policial australiano extremamente grosso barra nossa passagem com sua viatura e desce da mesma aos berros conosco. De nada adiantou nossas identificações e tampouco a identificação de procurador dele, quanto mais se falava com ele, mais ficava irritado.

Aparentemente os australianos não são bem vistos dentro do Timor por coisas como estas. Grossos no tratar com as pessoas e pouco se preocupam em compreender o país, coisa típica do colonizador. Para o idioma então, lamentável. Conheci somente um australiano que fala tetun com fluência; o resto simplesmente ainda acha que o inglês é a coisa mais maravilhosa que Deus fez na face da terra para a comunicação. Lamentável.

Saí deste incidente sem nenhum problema, exceto que as cenas da polícia e dos timorenses no meio da rua, todos os carros de polícia, armas e pedras me lembram muito a PNP – Polícia Nacional do Peru quando lá estive e também estava no meio de um conflito, quanto a PM de São Paulo. Pelo visto, polícia é “polícia” em todo o mundo.

Depois fiquei sabendo que neste conflito morreu um timorense que fazia parte da Polícia Nacional do Timor Leste e outra pessoa está no hospital. Por quê brigam? Não sei, ainda não sei. Só sei que não entendo como conseguem matar um semelheante, seja usando o que for.

De volta para casa, terminei de ler outro livro (o segundo desde que saí de São Paulo) e fui para cama, afinal hoje tinha faina :)