Coisa que gosto muito é pegar estrada para o interior de São Paulo principalmente quando passa a região de Campinas, mais industrializada, e começam as plantações de cana-de-açúcar, laranja, abacaxi ou ainda os pastos de gado. É bonito de se ver toda aquela terra arrumadinha e os bois engordando para virar churrasco no final de semana.

O legal destas viagens é que posso soltar o lado “brega” que trago comigo desde quando mudei para o interior, lá nos finais da década de setenta. Entrando pelo estado, posso colocar os CD’s de música sertaneja com os sucessos das empregadas domésticas: Tonico e Tinoco, Barrerito, Irmãs Galvão, Tião Carreiro e Pardinho, Fátima Guedes e alguns mais novos como Rick & Renner, Chitãozinho & Xororó e claro, filhos da terra, João Paulo & Daniel.

É brega? Claro que é. Para os “bacanas” que povoam as avenidas da grandes cidades, quem canta dores-de-cotovelo ou as lágrimas do coração é muito, mas muito brega. Como bacanas que são, preferem o bate-estaca do trance, tecno, tri-hop e outras coisas em alto-falantes de 15 polegadas no tampão do carro em um volume tão alto que o som é capaz de fazer qualquer garota gozar sem a necessidade de mexer um único músculo, tal é a vibração gerada pela potência sonora.

Mas eu sou brega mesmo. E quando bate a saudade da terra, pego o iPod, faço uma sessão choradeira com o melhor do sertanejo e saio pelas ruas de Dili cantarolando e lembrando da época da colheita de cana lá para as bandas de Mineiros do Tietê e Jaú, onde sentava no capô do carro para ver a luz vermelha da queimada na madrugada.

E numa destas sessões, achei algo interessante. A filha de Zezé de Camargo, Wanessa, cantando uma música com o eterno Titã Nando Reis. “O Lavrador” traz toda esta lembrança boa de volta em uma letra daquelas que faz qualquer um com um pouco mais de melaço no sangue, parar e pensar a falta que faz um fogão de lenha e um café de coador.

Eita saudade arretada!

PS: a letra pode ser vista clicando aqui e a música está no CD do filme “2 Filhos de Francisco”.