Há algum tempo comentei aqui sobre músicas da antiga e que sinto parado no tempo com os lançamentos musicais do momento. Penso estar ficando velho e por isso, mais crítico e mais chato pois não suporto mais escutar lixo. Música tem que ser muito, mas muito boa para entrar no iPod (que diga Keiko Matsui e Ella Fitzgerald).
Eu juro que tento, tento mesmo. Vivo procurando novos ritmos, novas nuances e novas misturas numa esperança desesperada de encontrar algo que salve, mas confesso que está difícil, principalmente com a onda lounge que arrebatou a Internet e lojas de discos com o lixo que vem dos botecos da classe média metida a intelectual.
Para os bocós de plantão (os mesmos metidos a intelectuais), o lounge é da idade de seus pais. Conhecida como a música tocada em lobbies de hotéis e cassinos por um pianista e um vocalista, quando muito com dois, ela tem suas raízes nas décadas de 50 e 60 quando estava em alta ir para um hotel ou cassino e ficar bebericando alguma coisa ao som de boa música. Hoje, ela foi travestida com sintetizadores e tudo que é parnafenália eletrônica por DJ’s que percebendo a onda dos boyzinhos que, sem o que fazer em casa com suas vidas apodrecidas pelo consumismo e todo o tipo de besteirol da mídia, saem para “catar muié” (e as muié catar homi), aproveitaram o momento e criaram este lixo musical que aparece em todo o mundo, seja na Alemanha, na Indonésia ou em São Paulo.
Durante a semana passada fiz o download de dois álbuns contento 46 músicas ao total. O que salvou? 8, isso mesmo OITO músicas que poderia dizer: poxa, bem feitas. O resto, regravações de velhos hits em tom bêbedo ou ainda uma mistura de sons que mais parece um cara com dez comprimidos de ecstasy na cachola misturados com meio litro de Smirnoff (claro, aquela bosta da ICE que é para o mané dito intelectual).
O pior é que me chamam de chato. Chato? Passe num bar da moda, daqueles bacanas (tem até alguns especializados em criar um ambiente para a “pescaria”) e ouça o que está tocando. Se não for lounge, pulo das Torres Petronas na próxima viagem, sem corda. Parece que a música é usada como algum afrodisíaco asiático para deixar a carne mais mole ou a periquita mais solta. E mais, quando partem para os “finalmentes”, o que sai? Não sai meu caro. A velocidade é tão grande que coelho passa e não acredita. Coisa de louco mesmo.
E quando coloco um dos CD’s de Ella Fitzgerald que ganhei (obrigado meu anjo!) para tocar e tento comparar com o lounge atual, vejo que cada vez mais estou “longe” disso tudo. Afinal, ainda tem neurônio aqui mandando e recebendo impulsos elétricos de tudo que é lado.