E não é que o Pava foi embora? Pava? Sim, o Pavarotti, o gordinho italiano com voz de trovão. Pois é, o Pava se foi.

Posso chamá-lo de Pava sim, tenho intimidade. Desde que calei sua boca (junto com mais outros milhares de brasileiros) no estádio do Morumbi, posso chamá-lo como quiser. Não só de Pava mas de chapa, afinal, não é sempre que se deixam mudas as três maiores vozes do planeta que, num ataque de bobeira, inventam de cantar Aquarela do Brasil DENTRO do Brasil. Aí meu amigo, a casa cai (que diga Sinatra que passou por coisa semelheante no Rio).

Mas o gorducho era bacana. Dizem as más línguas que era um mulherengo daqueles e por isso esteve tanto no Brasil. Gostava mesmo e não tinha o menor pudor em dizer isso. Se faturou por aqui não sei, mas que ele tem bom gosto, isso tem. Convenhamos, comparar o produto natural brasileiro com qualquer coisa derivada de plástico é heresia. Até o Pava sabia disso.

A música perdeu muito. Perde o Pava, perde com o lounge, perde com tri-hop. Cada vez mais pobre, parecendo brasileiro. Daqui há pouco a ONU está dando bolsa-família para a música e enviando tropas de paz aos guetos. Quem sabe assim salva-se algo.

Quiçá Pava ficasse mais um pouco, iria poder ver tanta coisa. Mas não pode. A turma lá de cima já cansada dos anjinhos sebentos com suas harpas cintilantes, resolveram dispensar todo mundo e contratar quem sabe. Menos pior. Quando chegar por lá, dá para encostar no gorducho e dizer: “e ai meu velho, vais querer cantar Aquarela do Brasil novamente ou ficar quieto?”

Grazie Pava, grazie per tutti!