Dia: 17 de setembro de 2009

Saudade da peste

Putz, vai entender, bateu uma nostalgia de Timor esta noite… Estava vendo as fotos de minha estada no país. Quantas saudades.

Saudades das pessoas que ficaram lá, das pessoas que conheci. Saudades dos amigos do Ministério da Justiça, da ONU, os voluntários como eu. Saudades do café do Hotel Timor (não que aqui não tenha melhor) e dos almoços do Timor Brazuca, o melhor e mais sensacional grupo de pessoas que já conheci. Saudades do Landmark e do Lita, das cervejas Bitang e Tiger, dos chocolates da Nova Zelândia.

Saudades até das ruas depois da chuva, da praia de Areia Branca, das caminhadas, do pôr-do-sol na frente do palácio do governo e dos peixes comprados na beira d’água, as eternas garoupas de Marcelo. Saudades das doideiras de Zeni (e de suas malas, claro), do fiel escudeiro George e de nossas viagens juntos. Saudades de tantas coisas…

Foi um bom tempo e definitivamente, imensurável.

Saudades…

Explicando o óbvio

ÓbvioVivemos numa sociedade estranha. Digo estranha pois para mim ter que explicar o óbvio é algo extremamente estranho. Se é “óbvio” então, é óbvio que não precisa ser explicado mas equivoca-se aquele que, como eu, pensa desta forma. O óbvio precisa ser explicado (e ai ficamos naquela, se é obvio, para que explicar?).

Venho pensando nisso com certa frequência devido as andanças pelo mundo. Por exemplo, é necessário explicar que para entrar em um elevador precisa-se que ele esteja parado no andar? Se o elevador não está lá, não pode-se usar elevador (a menos que pense ser homem-aranha ou superman). E mais, se o elevador não está parado no andar, decerto a porta não abre. Se abre e o elevador não está onde deveria estar, porque cargas d’água entrar? Aliás, não seria entrar, mas sim, “pular”.

E o mais bizarro disso é que existe uma lei que obriga prédios a colocar uma plaquinha ignóbil na porta dizendo isso, ou seja, o óbvio precisa ser explicado.

Pode-se argumentar que existem pessoas desatenciosas e que podem entrar sem que o elevador esteja lá (ele não entra, ele comete suicídio). Tudo bem, deixo passar. Mas e como fica a plaquinha da foto flagrada em um banheiro de uma cafeteria paulistana? Será mesmo necessário dizer para o usuário mijar na privada se ela está na frente da mesma? Nonsense.

Como estas existem milhares por ai explicando o óbvio e que fazem a alegria de muitos (inclusive a minha) quando se observa. Dias atrás encontrei uma também interessante. Num restaurante, os talheres vinham em um saquinho plástico lacrado que continha a seguinte frase impressa: “para usá-los, retire do plástico”. É possível ter alguém que consegue cortar uma picanha com a faca embalada ou ainda pegar uma sopa com a colher dentro do plástico? Vai saber não?

As vezes fico pensativo: será que eu estou muito chato ou o mundo está cada vez com um número maior de estúpidos que precisam de explicação para o óbvio? A pensar…