Não sei se não dormiu bem, se o chefe deu um esculacho, se estava com ódio de comunista ou o quê. A empresa que atende a LATAM estava com um prestador de serviços irado ontem em Guarulhos, estava. Uma história de um reembolso de mala.






Sim, isso mesmo. Minhas duas malas de policarbonato Delsey chegaram neste estado em Belo Horizonte, partindo de Guarulhos.
Mas porquê estou postando isso? Dicas!
O voo foi Amsterdam – Zurique – Guarulhos – Belo Horizonte. Como os mais calejados sabem, a aduana brasileira EXIGE que toda mala seja retirada e re-despachada numa conexão, nacional ou internacional.
Muito bem. Sabendo como a banda toca, peguei as malas, verifiquei-as, passei pelos parças da PF no “nada a declarar” e segui para o redespacho no T3 de Guarulhos. Lá, EU coloquei as malas na esteira mas antes, EU TIREI a capa da mesma. Ssempre voo com as malas com capas de pano para destacar e tentar aumentar um pouco a vida últil das coitadas e coloquei na minha mala de mão.
Lição número 1:
A LATAM, sabe Leão XIV porquê, faz você assinar um “termo de isenção” caso sua mala esteja envelopada de qualquer forma que seja (plástico, papel, capa de tecido, whatever). Já tive desculpas que é porque não podem ver o que é (tô levando um tambaqui inteiro, pqp!!!), que é por motivo de segurança por causa do material e só faltaram dizer que era “para pegar os trouxas”. Bom aluno que sou, aprendi cedo e isso me salvou dessa vez, inclusive porque em Guarulhos nada falaram sobre a roxa e não me fizeram assinar nada (muito cedo, talvez…).
Quando cheguei em CNF só percebi a azul “danificada” (AKA moída). Fui no atendimento da empresa e o menino, Rafael, muito solícito, pegou meus dados para abrir um procedimento de reembolso de mala e 3 minutos depois vem: “olhe, nós temos duas opções, reembolsamos 900 e alguma coisa para usar em produtos LATAM ou 600 e alguma coisa em sua LATAM wallet que depois o senhor transfere para seu banco.”
Aqui entra o fator idade. Em tempos antigos, eu tinha aberto a mala, enfiado o Rafael dentro da mala, roubado uma etiqueta de outra mala e despachado a mala quebrada com o Rafael dentro para Guam. Ontem, olhei para ele e na maior serenidade do mundo, expliquei o be-a-bá:
Rafael, veja você; essa mala é feita de um material que não vai aceitar “conserto”. Se fosse uma mala de tecido que rasgou um pouco, descosturou ou uma rodinha que escapuliu, eu não estaria aqui gastando seu tempo, o meu e o do motorista que está me esperando na saída para me levar até minha casa. Essa mala custa ao menos R$ 1299,00 como você pode ver aqui (mostrei para ele o site da Delsey que, nos 3 minutos que ele escapou, acessei para ver) e além disso, eu não preciso e não quero o dinheiro da companhia. Eu só preciso de uma mala porque vou voltar em Agosto para a Europa e agora não tenho mala (lágrimas quase caindo ). E ele me responde: eu entendo senhor, mas a política da empresa não é dar uma mala de volta para o cliente, mas sim fazer o reembolso da mala. E vem a tréplica: pois é Rafael, mas veja que situação eu fiquei. Eu não tenho dinheiro para pagar o restante do preço de uma mala nova, não terei uma mala para voltar para a Europa e não tenho interesse em entrar na justiça por coisa tão pequena… OK senhor, vou tirar umas fotos dos estragos e vou conversar com meu supervisor (adorei quando ele falou “estragos”).
Rafael tira as fotos e lá vai falar com o supervisor enquanto eu fico lendo a FSP… Volta ele: “senhor Paulino, meu supervisor entendeu o problema e contratempo e está oferecendo para o senhor R$ 1400,00. Está bem assim?”
Tá né gente. O cara pagou a mala.
Fizeram a transferência na hora para tal de LATAM wallet (nem sabia que existia), agradeci verdadeiramente o Rafael (menino bom viu) e fui embora.
Mais três lições:
- Não adianta bater boca, ficar puto, espernear, tirar as calças, puxar cabelo, mijar em todo mundo, comunista, nazista, facista, etc porque não vai rolar. Se eu tivesse metido o pé na vaca, certeza que Rafael ia entrar no modo “foda-se on”, eu ficaria com o preju e com uma vaca incapacitada.
- NÃO ACEITE a primeira oferta. Quem faz a logística das malas nos aeroportos não é a companhia aérea, mas sim uma terceirizada, quarterizada, quinterizada ou sabe lá quem, que possui um contrato com a companhia onde com 99% de certeza, existe uma cláusula de ressarcimento dessa empresa à companhia aérea em casos assim. Então para a LATAM é um “tô nem aí, vou descontar do contrato mesmo…” Eu poderia ter “forçado a barra” e pedir mais? Sim, mas não preciso fazer tal coisa. Só quero aquilo que é correto, nada mais, nada menos.
- Veja qual a companhia que vale mais a pena cobrar. No meu caso, eu poderia ter ido embora e acionado a Swiss pois meu ticket estava sob responsabilidade deles. Porém eu já conhecia os parâmetros e procedimentos da Swiss (aquelas letrinhas miúdas que ninguém lê) para reembolso de mala que paga o máximo de 50% do valor da mala, depreciando este valor até 70% de acordo com a idade da mesma. Então leia!
Pego a BR-381 (pintaram as faixas no chão gente, quase chorei de emoção…) paro no Amigão para almoçar (super indico viu! ) e chego em casa mais quebrado que arroz de terceira. Sento, faço um cafezim, acendo um paierim e depois, vou começar a tirar a bagunça das malas quando vejo a roxa quebrada. “PQP, pensei. Essa eu perdi”
Deixei para lá, afinal já estava viajando há mais de 27 horas…
Hoje, entro no site da Latam e tem lá um link para um canal no WhatsApp. Entro no canal, me atendem e pedem o mesmo que o Rafael pediu: nome, endereço, telefone, email, foto da mala cuspida pelo tiranossauro, cópia do documento, etc. Qual a minha surpresa que a Silmara (atendente) me vem com: 90 dólares americanos para usar com produtos LATAM ou 60 dólares na LATAM wallet.
Mesma ladainha com Rafael, expliquei que a mala é assim, assada, disse o preço, bla bla bla. Resultado: 120 dólares na minha conta que quase paga a roxa, que custa R$ 799,00. Interessante é que Silmara não questionou sobre a capa da mala. Creio que por ver que já tinham pago outra no dia anterior, achou por bem deixar para lá e encerrar o chamado (mas poderia ter me lascado).
Confesso que imaginei ter mais estresse mas acredito que pela extensão e visibilidade do problema, consegui obter o reembolso da mala corretamente daquilo que estragaram. Pode ser que este procedimento não seja para todos, pode ser que o Rafael e a Silmara adoraram meu jeito de falar, pode ser porque não joguei titica na cabeça de ninguém, mas fatos são: recebi para comprar as novas malas com uma perda mínima de valores (que considero como fator de depreciação) e o cara que as manuseou em GRU estava realmente num puta dia ruim.