Ano: 2007

Tentei

Eu juro que tentei me conter mas cada vez que lia a frase, rolava de rir:

“Tem Dia que, quando a sorte acaba, ela acaba.”

Que profundeza de pensamento meu Deus. Pior se a sorte acabasse e não acabasse. Mas se ela acabou não pode não acabar que pode acabar mas não pode…. aff…

Dó?

Sempre que preparo uma viagem (exceto “Operações Apache“) eu procuro saber o máximo possível dos locais para onde vou. Sites turísticos ou interessantes e regionalidades como comidas e bebidas típicas. Mesmo sendo um trabalhão enorme normalmente compensa por descobrir ou conhecer coisas interessantíssimas.

E para a próxima viagem a partir de sexta-feira não está sendo diferente. Laos e Vietnã certamente possuem coisas inimagináveis e que não podem ser perdidas, principalmente porque sabe Deus quando piso novamente nestas terras. Vontade não vai faltar. Vai faltar é grana mesmo porque sair do Brasil até aqui, vão verdes de montão.

Para estas buscas uso diversas fontes. O Wikitravel, um wiki estilo Wikipédia mas voltado a viagens é sempre parada obrigatória para consulta. Também estão na lista o Amadeus (passagens aéreas), LonelyPlanet, National Geographic e claro, o Google. Mas também uso uma outra fonte interessante que são as redes P2P onde procuro (e encontro) vídeos, documentários e textos sobre os lugares. A vantagem desta fonte é que ela se torna muito mais consistente e com conteúdo mais interessante que qualquer outra.

Um exemplo foi a procura por algo sobre o Laos e o retorno do filme Hunted Like Animals (Caçados como animais) de autoria de Rebecca Sommer. É um documentário sobre o genocídio impetrado pelo exército do Laos contra aqueles que ajudaram a CIA na guerra do Vietnã e que hoje, trinta anos depois do confilto, ainda estão sendo caçados ou estão refugiados dentro da Tailândia em campos que são um verdadeiro horror.

O que mais assusta são as imagens capturadas com fidelidade da tristeza e amargura do povo Hmong e as faces daqueles que foram multilados, de uma forma ou de outra, pelo exército, inclusive velhos e crianças.

Refugiado do Laos na Tailândia

Mas a verdade por trás do documentário é desmascarar a ajuda norte-americana ao exército para o extermínio, seja provendo armas, logística ou métodos de tortura desconhecidos ou não comuns para o povo do Laos, usando para isso a desculpa da “guerra contra o terrorismo mundial”. No resumo, o governo americano ajuda a matar aqueles que ajudaram seu exército na vexatória derrota dentro das florestas vietnamitas, como se fosse vingança por terem perdido vergonhosamente o conflito.

Se você se interessou pelo documentário, acesse o site da diretora clicando aqui. Nele você pode encontrar trailers do filme ou ainda solicitar o DVD. Mas atenção, não indico assistir à noite ou com crianças na sala. As imagens são impressionantes e podem deixar aqueles mais fracos com indigestão (como toda a verdade apresentada nua e crua).

Depois ainda pedem para que eu tenha dó dos três mil americanos que morreram nas torres de Manhatann. Será que não devo ter dó dos trinta mil caçados como animais e exilados de suas terras?

La Barca

Mesmo com a chuva torrencial que caiu em Dili hoje (estava precisando viu), a cidade ficou quente após o meio-dia. Passando em frente ao Palácio Presidencial avisto uma enorme cortina de fumaça subindo do mar. Algo no mínimo estranho.

Trânsito parado e muita gente empoleirada no paredão que segura as águas para não invadirem a rua, eis que vejo uma barca em chamas. Mais que depressa corri para casa a fim de pegar a Canon e tirar algumas fotos.

A barca queimando

O mais interessante é que mesmo estando cerca de 50 metros mar adentro, o incêndio era tão grande que sentia no rosto e braços o calor vindo do mar. E os bombeiros, coitados, nada podiam fazer a não ser deixar queimar, afinal, além de estar sendo totalmente consumida pelas chamas, estava na água e seria perda de tempo jogar mais água em cima!

A barca queimando

E de quem era a barca? Dizem que era do Major Alfredo Reinado, um dos timorenses supostamente envolvidos nos problemas e mortes ocorridas ano passado em Dili. Se era dele não tenho certeza. A única que tenho é que “era” pois dela nada mais existe.

A barca queimando

Operação apache

Chamamos de “Operação Apache” quando fazemos aquelas coisas meio “de índios”. Sem precoceito nenhum mas tem coisas que só índio mesmo. E neste final de semana vem mais uma Operação Apache.

Aproveitando que é feriado duplo em Timor (dia 1, Todos os Santos e dia 2, Finados) encavalado com um final de semana, armo a mochila e vou de ônibus com o fiel escudeiro George para Kupang, capital da provícia de Nusa Tenggara Timur. Distante cerca de 12 horas de Dili, é um lugar que tem… Honestamente não sabemos o que tem lá a não ser a informação que existe um KFC e um restaurante que serve lagostas a US$ 3,00. De resto, icógnita.

Mapa até Kupang

Por isso mesmo é chamada Operação Apache. Não sabemos como está a estrada, onde vamos dormir, onde vamos comer, o que vamos fazer. Este é o verdadeiro “programa de índio” mas tenho que confessar que é melhor fazê-lo que ficar quatro dias moscando em Dili. Sempre gostei deste tipo de programa e prefiro ele a sair para uma casa noturna ou barzinho. Hoje em dia a música alta, a barulheira e a baderna não me atraem e cada vez mais prefiro programas “de índio”. Além disso, nunca iria vir do Brasil para Kupang, não mesmo!

Mas intenções temos. Assim que chegarmos vamos tentar arrumar um vôo até a ilha de Flores para ver alguns vulcões (tem vários) ou ainda para Komodo, terra dos lendários Dragões de Komodo que são aqueles lagartões com cara de pré-história. Se não conseguirmos, paciência, valeu a estrada e as fotos que vão ser tiradas.

Entonces, de 1 a 4, necas de nada. Estou na estrada novamente. Penso inclusive que esta é preparação para o dia nove quando pela primeira vez vou fazer uma viagem grande sozinho. O roteiro: Malásia, Tailândia, Laos e Vietnã. Dois terços de um sonho de criança realizado. O terço faltante, em janeiro.

Até

Em questões paralelas

ValerieNão pense que abandonei o blog. Ao contrário, estou recuperando posts do ano passado que estavam no blog antigo e colocando neste. Um trabalho enorme e demorado. Enorme porque é um tal de copia e cola que não está escrito e demorado porque a cada post, páro e leio novamente o que escrevi numa verdadeira sessão nostalgia. Muito gostoso isso.

E no meio desta tarefa ainda sobra um tempinho para o shopping internet. A nova aquisição chama-se Valerie Joyce, uma jazzista sino-americana dona de uma voz que dá vontade de sentar num daqueles cafés ou restaurantes bacanas como o Terraço Itália em São Paulo ou ainda o La Gloriette em Viena e ficar horas ouvido a mulher.

O último CD dela, The Look Of Love (The Music of Burt Bacharach) é uma coletânea de músicas conhecidíssimas de grandes artistas que ela interpreta em um piano, bateria e voz maravilhoso. Vale a pena procurar (na Amazon já tem à venda).

Eu também não sei

Não me pergunte como a microlet sai do lugar porque eu também não sei.

Microlet

Voltando à lida

Templo de Uluwatu com vista do Oceano Índico

Templo de Uluwatu com vista do Oceano Índico

Parece mesmo que feriado é feriado em qualquer lugar do mundo. Bali estava simplesmente infernal pelas comemorações do término do Ramadã. Acho que todo mundo resolveu tirar a barriga da miséria depois de um mês de jejum. Kuta com um trânsito digno de volta às aulas em sampa, hotéis lotados, lojinhas apinhadas de gente e claro, um calor que dá medo.

Mas mesmo com tudo isso os quatro dias de descanso foram proveitosos. Além de muita cerveja, boa comida (e bota boa nisso), alguns passeios em lugares que não conhecia, as compras. Pela primeira vez meu lado feminino atacou e fui às compras de forma a dar inveja em qualquer socialite brasileira. Sacolas e sacolas nas mãos cheias de peças para casa, incensos, almofadas, imagens e tudo o que era bonito e barato. Minha sorte foi não poder passar muito o limite permitido de bagagem na companhia aérea pois caso contrário sairia de Bali com um contêiner abarrotado de coisas. Tudo é lindo, tudo é bem feito, tudo é barato.

A viagem rendeu cerca de 180 fotos. Pouco para quem normalmente clica este número por dia nos novos lugares. Acho que estava mais crítico e ao mesmo tempo sem muito tesão para as imagens. Mesmo assim algumas fotos ficaram magníficas e podem ser vistas no álbum especial desta viagem clicando-se aqui. Vídeo, somente quinze minutos que vão ficar guardados para serem somados com outros 45 (pelo menos) de outras passadar por lá. Assim ao menos é possível criar um DVD sobre Bali.

Agora é voltar para a lida e começar a planejar a próxima daqui há trinta dias. Esta, um sonho que tenho desde criança e que agora vou poder realizar. Isso é claro, se os tufões resolverem parar de assolar o Vietnã e Laos. Caso contrário, vou ver que mudar a rota para outro lado pois não estou a fim de sair rolando no meio de um turbilhão de água.

Cá bem-vindo!

Feriadão com descanso

Massa Inn Hotel - Kuta Beach - BaliMuito bem. Aqui do outro lado do planeta também é feriado no dia 12 mas ao contrário do Brasil onde é comemorado um feriado católico (Nossa Senhora, Padroeira do Brasil), esta região comemora o Eid ul-Fitr que marca o fim do Ramadã, mês de jejum para os mulçumanos. O importante é que não importa (boa esta não?) se é feriado católico, mulçumano ou dia das crianças. O que importa é que estou de saída para Bali a fim de pegar quatro dias de descanso na beira da praia só fazendo palavras cruzadas.

Então, já sabe; nada de post até segunda feira, nada de computador (que inclusive fica em Dili dormindo um sono merecido) e nada de artigo técnico no site profissional. Em contrapartida desta vez venho com centenas de fotos da ilha mais simpática da Indonésia para o deleite do povo.

Abraços e até a volta.

A cara do FDP

Tem coisa mais ordinária que uma pessoa que abusa de crianças, principalmente sexualmente? Duvido que tenha e para mim é tão ruim (ou pior) que genocídio. Para pessoas assim, execução sumária seria o mínimo aceitável.

Venho neste assunto porque recebi uma mensagem pedindo o auxílio de quem fosse para a captura de uma maçã podre. A polícia federal alemã (Bundeskriminalamt) conseguiu por meio de software retirar efeitos colocados em fotos postadas na Internet de um criminoso sexual e procurado pela Interpol. Uma técnica no mínimo interessante pois os efeitos distorcem totalmente a imagem, tornando-a irreconhecível.

Era meu nego, era irreconhecível. Depois dessa, só falta achar o safado que se fotografou abusando de crianças. E depois, preferencialmente, deixá-lo em algum presídio de São Paulo por uma semana. Vai virar uma verdadeira couve-flor.

Para ver o perfil do safado, a retirada dos efeitos das fotos e também o aviso de busca do cara, clique aqui. Se você já o viu, envie uma mensagem para a Interpol pelo formulário do site. Ajude a tirar mais este lixo da sociedade. As crianças agradecem.

Reclama vai

A sequência de fotos a seguir serve para dar uma idéia do que é o sistema de transporte “público” no Timor-Leste e foram tiradas no último final de semana.

Microlet

Este micro-ônibus é chamado de Microlekt e faz a “linha” entre Dili e Baucau, a segunda maior cidade do país distante cerca de 150km. As pessoas, como é possível ver, viajam dentro do ônibus, em cima, dependuradas e onde mais conseguirem. Vale até no colo do motorista, conforme a dondoca :) e pagam por isso entre US$ 1 e US$ 3, o que também varia de acordo com a boa vontade do cobrador.

Microlet

Está impressionado? Pois então agora vem o melhor: esta viagem dura cerca de cinco, isso mesmo CINCO horas entre as duas cidades, sendo realizada pela “auto-estrada” Dili-Baucau que está assim:

Microlet

No meio da estrada, claro, é necessário fazer ultrapassagens como em uma estrada qualquer. Aí, o que acontece? Uma “pende” para um lado e a outra “pende” para outro.

Microlet

Já deve estar pensando na quantidade de acidentes não é? Pois não é difícil ouvirmos relatos de microlekts que despencaram barranco abaixo (normalmente são mais altos que um prédio de 10 andares) com todo mundo dentro, fora, em cima e onde mais estiver. Tanto é fato que um dos nossos técnicos do Ministério retornou hoje ao trabalho depois de rolar 100 metros “microlekt abaixo” em uma curva onde um pneu estourou. Sorte dele que foram somente 35 pontos na cabeça e um braço quebrado.Como não existe transporte público verdadeiro e tampouco fiscalização, vamos que vamos e deixamos na mão de Deus o próximo quilômetro.

E você ainda reclama das van’s brasileiras?